domingo, 16 de setembro de 2012

Tudo e nada

Um beijo doce, com todas as boas sensações e gostos que um beijo pode ter. Não foi nada esperado, mas tão certo como a coisa mais certa do mundo. Nos desvencilhamos por falta de fôlego. Eu não queria sair daquele momento único, aquele momento no qual você sente tudo e ao mesmo tempo nada. As mãos suam, o coração acelera e você não consegue pensar em nada coerente.

Eu não conseguia olhar naquelas íris de ébano, sabia que elas tentavam desvendar cada detalhe sob a minha máscara de imparcialidade. Querei beijá-lo até ter certeza de que o gosto dele ficaria eternamente na minha memória, que seu cheiro nunca mais seria perdido das minhas lembranças e que aqueles lábios seriam os únicos a fazer parte dos meus sonhos...

Depositei um beijo terno na testa dele e entrei no carro que me esperava.

Era, afinal, para despedidas que estávamos ali. A festa de despedida dele, por causa da merda da viagem de três anos que ele faria para uma porcaria de lugar sem o mínimo de comunicação. Eu não podia me apaixonar, não naquele momento. Não quando ele estava indo embora. Que se explodisse também!, quem faz uma coisa dessas sabendo que ficará sabe-se lá quanto tempo longe da outra pessoa?

Um ato falho meu, confesso, pensar que não me apaixonaria. Ou pensar que precisaria de outros beijos para que todas aquelas sensações estivessem intrínsecas em mim.

Talvez três anos não seja tanto tempo...


- Thereza Rastro

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